[Música]
[Música]
Fala meus queridos e minhas queridas
amigas, tudo bem com vocês? Eu espero
que esteja tudo bem com vocês. No vídeo
de hoje a gente vai conversar sobre o
que é Iluminismo
de fichã fichão mucô, tá? De Michel Fou.
Eh, veja bem, eh, eu comecei a a a
conversar ali com a minha esposa, tá
querendo fazer mestrado, né? E aí a
gente tava falando, ela quer fazer sobre
o pensamento reacionário, etc e tal. E
aqui a gente tava conversando,
conversando, conversando, conversando.
Aí em certo momento a gente chegou na
necessidade de falar do que é o
Iluminismo de Foucault, perdão, o que é
o Iluminismo de Kant. Depois a gente foi
pro que é o Iluminismo de Foucault e eu
falei: “Cara, isso aqui dá um bom vídeo,
isso aqui dá um vídeo interessante, isso
é importante”. da gente conversar e
conveniente, aliás, porque é exatamente
o momento em que o Kant fala sobre a
defesa da liberdade de expressão, tá?
Eh, da de que tem que ter uma liberdade
de expressão pro para pra filosofia,
para ela ser crítica, etc e tal. E o
Foucault, ah, ele faz uma defesa de que
há dois cants, dois cantas,
eh, dois aspectos em Kant que contaminam
toda a filosofia moderna, dois braços,
uma dicotomia, uma que é o da analítica
da verdade e outra como uma espécie de
ontologia
ã do presente e o desenvolvimento que
isso daria para fazer pela análise de si
próprio, né, pela análise de si mesmo. E
eu acho que fica bastante claro que
Foucault tá querendo dizer que o lado do
bem é o lado da a da analítica do
presente ou ou da ontologia de si
próprio. Eh, como desdobramento da
análise que Foucault ou que Kant, vou
ficar confundido os dois todos, que Kant
faz do Iluminismo, o que que ele
significa e como é que ele é um
indicativo de progresso, certo? ele faz
essa leitura, eh, e para mim é
obviamente uma falsa dicotomia, né? É,
para mim é obviamente claramente,
evidentemente uma falsa dicotomia. E
sobretudo tem outro problema, né, que é
dividir o sujeito em dois, né, quando,
como se o pensamento de Cântel de se
dividir em obras, né, quando ele tá
falando do sobre a crítica eh da da
teoria pura,
hã,
do conhecimento,
ele crítica da Razão Pura, no caso, né,
eh, ele estaria fazendo uma coisa e
quando ele tá falando de política, ele
tá fazendo outra coisa e são dois cants,
não são dois cants, não, não é são é um
cantó. É um canto só. Eh, é, é o mesmo,
é o mesmo cara que tá lá, né? É, né? É o
mesmo cara. Não, você não divide os
textos e e mete essa pernada, né? Você
não mete essa pernada, né? Você não mete
essa per, aliás, essa sua consideração é
muito importante, Carlos. Carlos falou
assim: “Ah, quase eh eh como se fosse a
filosofia grega”. É exatamente como
lembra, lembra,
digamos assim,
ah, como é que é o nome do cara que fala
da filosofia grega como modo de viver?
E o o Foc também menciona isso um pouco.
Eh,
é, é, é, como é que é o nome disso? É o,
é o, eu esqueci o nome do autor, cara.
você precisa desse autor. Bom, eh,
caraca, esqueci mesmo. Vou ficar devendo
aí, só se alguém lembrar, né? Eh,
mas tá bom. Mas veja só, o texto do
Foucault é bom. O texto do Fou é muito
bom. Eh, o texto do Fou é muito bom. A
gente vai ler esse texto aqui, tá?
E na medida que se eu conseguir achar,
né, onde é que eu coloquei é esse aqui.
Por que que tá tudo preto?
É esse aqui. O que é o Iluminismo. É um
texto bem pequenininho, são 10
paginetas, né? Que que
le lumi que
que
lumiè? Pronto. Qu’est-ce que lumière? Né
magazine litire. Ã, número 207,
publicado em 1984. Isso é interessante
porque é no centenário, no bicentenário
no caso, né? No bissentenário da
publicação do próprio texto do Kant, né?
Sobre o que é a resposta à pergunta, o
que é filosofia, né? Eh,
retirado do curso de 5 de janeiro de
1983 no Colégio de Fonce, traduzido a
partir de Foucault Michelle.
Etoscrit
eh Paris Galim 1994, volume 4, páginas
679,
688 por Vanderson. Vanderson Flor
Nascimento é o meu professor da UnB.
É,
ele é do meu grupo de pós-graduação, o
Vanders.
Ai, que coisa engraçada. Eh, bom, é
isso, tá? Então, veja só, veja só. Eh,
o texto,
o texto eh,
vamos fazer, vamos fazer uma, uma
conversa aqui, né, previamente. Para que
que eu tô lendo esse texto com vocês?
Estou lendo esse texto com vocês para
falar um pouco sobre o pensamento de
Kante, tá? O objetivo é falar sobre o
pensamento de Kant, só que a gente não
vai falar sobre o pensamento de Cant
primeira mão. A gente vai fazer essa
fala sobre o pensamento de Kante acerca
da da
do esclarecimento, né, do Iluminismo e
do
e e da revolução pela via do Foucault,
porque o Foucault faz uma ótima leitura
acerca disso. Ele faz uma ótima leitura.
Ele deixa muito claro o que tá
implicado, que o que eu quero dizer. Ele
leu os textos, né, e destacou exatamente
o que era necessário para entender.
Fazendo um resumo prévio, o que ele tá
dizendo é o seguinte. Olha, a a a
revolução ela aponta, a Revolução
Francesa, né? A Revolução Francesa
aponta como um índice para um movimento
que é psíquico, coletivo e verificável.
Ah, em que
você percebe a importância da revolução,
não por si própria, mas como ela faz
manifestar nas cabeças de pessoas que
não participaram dela, que descante é um
grandissíssimo entusiasmo ao redor do
mundo sobre a luta da liberdade. O que
para cante significa dizer que existe um
movimento espiritual
que assiste a revolução como assiste a
revolução numa plateia, num palco, como
quem vê um filme, sabe quando você tá
assistindo um filme e aí você torce pelo
mocinho? Bom,
como o mundo tava torcendo paraa
Revolução Francesa, segundo Kant, isso é
o apontamento de que existe no espírito
humano uma inclinação interna no sentido
da liberdade. Se essa inclinação interna
verificada, foi verificada em face da
Revolução Francesa,
aponta Cantal,
que eu quero dizer, há um movimento
mental constante que se apresenta nos
assistidores da Revolução Francesa como
o ah o movimento
interno psíquico em prol da liberdade.
Porque por mais que a revolução possa
dar errado, possa dar certo, possa matar
gente, possa sobreviver gente, o fato de
que todo mundo tava torcendo, todos os
toda a plateia estava torcendo pela
liberdade,
isso é o indicativo de que há um motor
interno na cabeça humana geral que
puxará sempre o mundo no sentido da
liberdade de maneira universal. E,
portanto, o sentido do mundo é o sentido
do progresso em direção à liberdade.
É isso que o Kant apresenta pra gente.
Certo?
Ai, gente, eu não tenho eu não tenho a
menor paciência paraa Web comunista. De
boa. Nosso camarada diz assim, ó: “Mas
que liberdade é essa que instala o
capitalismo francês?”
aquela que termina com a servidão não
acanetada. Ah, vá limpar um vaso, meu
querido, vá limpar um vaso, pelo amor de
Deus. Então, certo. Então, olha só, tô
explicando que eh na visão de eh na
leitura que o que o Foucault apresenta
de Kant, que é uma leitura bem acertada,
o que o Kant tá valorizando é a
Revolução Francesa.
Você está absolutamente bloqueado, você
é fascista, tá, Felipe? Você tá
bloqueado, tá bom, querido? Você é
fascista. Ah, veja só. Eh, deixa eu
dizer uma coisa. Então, o o que que
acontece na visão na visão do ã do do
Foucault,
o que o Kant tá dizendo é que ao
observar os resultados da revolução no
espírito humano,
isso isso deixe a ver que o espírito
humano tem um sentido universal de
torcer pela liberdade, de puxar pela
liberdade, defender
a liberdade.
Esse tipo de movimento,
esse tipo de movimento de defesa pela
liberdade é uma coisa intrínseca à
humanidade. E, portanto, certo? E
portanto existe um movimento
na direção da liberdade que tá contido
na essência humana. É basicamente isso
que o Foucault tá dizendo em linhas
gerais, que em Cante há um pensamento de
que é verificável empiricamente pelas
manifestações humanas face à Revolução
Francesa, uma inclinação espiritual
geral no sentido da defesa da liberdade.
É isso que que Fouco tá dizendo. Tá bom?
Então, o que eu tô dizendo aqui, gente,
é um resumo do que o
Foucault tá apresentando como leitura de
Kante, tá? Depois a gente vai ler o
texto e vai verificar isso. Ah,
certo. Ah, não. Então, o que o o Veja,
não, isso não, isso a gente vai ver isso
no teor, né? Mas tu acha que ele não ter
visto os impactos napoleônicos não
afetam a análise? Não, exatamente por
causa disso, porque o impacto, tipo
assim, ele deixa isso claro no no texto
próprio dele, o Kant deixa isso claro.
Não interessa se foi ruim, se foi bom,
se deu certo ou se deu errado. Não
depende dos resultados empíricos
materiais. de a empiri que ele se
recebe, eh, que ele, que ele se reveste,
é a empiria de que as pessoas estão
torcendo pela liberdade. Então, se as
pessoas estão torcendo pela liberdade,
ainda que dê tudo uma merda e volte para
trás e volte ao império, como exatamente
aconteceu, né, né, a a remontar o
império romano e etc e tal, mesmo que o
pensamento seja depois as condições
eh sociais levem a um desastre na
revolução, ainda que isso aconteça, a
questão que ele mostra é que sempre as
pessoas vão estar puxando pro lado da
liberdade, entendeu?
Então, a verificação é idealista, é o
ide essa verificação é é da para onde as
pessoas guiam o seu próprio crer, ainda
que dê tudo errado, ainda que piore a
situação, entendeu? Então, na leitura
que o Foucault faz do Kant, fica
evidente que para Kant não importa se o
resultado vai ser negativo, porque vai
ser ter sempre gente puxando no sentido
da liberdade, ainda que fale,
ainda que venha falhar o processo,
você vai, é como se você tivesse
jogando, tentando ganhar e perdesse, mas
você vai estar sempre jogando, tentando
ganhar. É isso aí. Veja, nesse sentido é
idealista, né? É idealista porque o
locus da evidência do progresso não tá
na mudança real, se melhorou, se piorou,
mas na consciência coletiva que tá
apontando no sentido de que a gente vai
estar sempre trabalhando para melhorar,
entendeu?
E isso seria uma verificação de que há
uma uma inclinação interna teleológica,
porque a cabeça humana aponta para onde
vai, né? Você fala assim: “Olha, eu vou
construir um carro”. Aí você vai e
constrói o carro. Então a consciência
humana estaria por apontando: “Olha, nós
vamos construir a liberdade”. Entendeu?
É isso que é assim que o Foucault tá
lendo Kant, na minha opinião, de maneira
absolutamente acurada.
Certo?
Entenderam? Deu para entender?
João disse legal. Então acho que ele
entendeu. Ah,
tá bom. Então veja só o o que a gente
vai fazer é a gente fala, eu falei então
e portanto veja só, o Kant ele é
obviamente um progressista, né? Ele é
uma pessoa que vê a modernidade no
sentido da liberdade. A modernidade vai
construir o sentido da liberdade, porque
esse é o sentido interno mesmo da
realidade humana. Quem faz isso em
continuidade a Kant é o Heigel. Faz de
maneira muito parecida. inicialmente,
inclusive com olho e Napoleão. Com olho
e Napoleão. Olha, a construção da
história humana é a construção do
sentido da liberdade.
O que Marx vai fazer de diferente desses
dois
e e em Hegel, em Hegel, o Hegel ele
valoriza uma coisa mais. Ele diz que o
cant ele aponta para um cant
demasiadamente cético.
Então, eh, Heigel tenta construir um
sistema,
tenta construir um sistema de pensamento
onde certa forma você poderia se
partilhar da construção da razão no
sentido da liberdade.
Isso vai influenciar inclusive na
formação do estado alemão, do estado
prusuiano, tá? Então, a crença na razão
como construtora da liberdade fica menos
cética como encante quando entra para
Reel, certo?
E em Marx você dá um passo a mais. Em
Marx ele dá um passo a mais e fala:
“Isso não é uma questão de construção de
consciência no sentido da liberdade, é
uma questão de construção das condições
materiais para a formatação dessa
liberdade”, certo? Se acabaram com a
servidão, é porque haveria condições
materiais para acabar com a servidão. Se
vai acabar com o sistema posterior, que
ainda é um pouco ah a apreende as
pessoas, é porque se formou a indústria
moderna. E aí com a indústria moderna
seria possível fazer um salto onde a
participação política seria da
participação da grande maioria, que
seriam os trabalhadores industriais,
etc. e tal. Então, a forma da execução
da liberdade em Marx é uma forma que
dialoga com as estruturas do
desenvolvimento das forças produtivas.
Por isso que é materialismo,
é a forma material que muda, dando maior
condição para uma constituição política
mais livre, certo? Colocar de cabeça
para baixo, certo?
Essa é a diferença
essencial entre o modelo político
cantiano, regeliano e o modelo marxista,
né? Ele apela, ele apoia-se na ideia de
que a formação das relações produtivas é
que conseguiram fazer com que a França,
por exemplo, encerrasse na canetada a a
servidão e não o puxar da liberdade,
como tá no texto de Kant e em certa
medida no texto de Hegel, né? O puxar
natural da liberdade da consciência
humana. Não tá na consciência, tá na na
nas potencialidades das forças
produtivas. Essa é uma diferença
bastante essencial entre uma coisa e
outra. Mas o que que eles têm em comum?
E isso e isso é que eu quero chamar
atenção. O que que o marxismo e o
cantismo tem em comum? Que eles enxergam
a história como a história da liberdade,
do desenvolvimento da liberdade,
representado na remodulação da
constituição política. Os dois têm isso
em comum, tá? Vocês entendem o que eu
acabei de dizer? Fez sentido? Isso pleov
síntese bastante boa dessas ideias.
A gente já leu o texto de Plerano, que
faz isso aqui, inclusive nesse eh nesse
canal.
Deu para entender mais ou menos? Então,
tanto em Kant quanto em Marx, você tem
essa inclinação
da discussão de que a história do mundo
é a história de puxar-se para
constituições
que vão afirmando o sentido da liberdade
do homem com o passar do tempo.
Eu gosto dessa tese também, que o Kant é
o materialista envergonhado, tá bom?
Mas, eh, no texto de Foucault, no texto
de Foucault, eh, ela ele apresenta
exatamente em que termos que está eh a a
essa exposição. E eu acho que o texto é
bastante conciso e deixa bastante claro
em que trechos, inclusive, que tá essa
disposição, né, do texto, dos textos de
Cant que foram publicados ali ah logo
depois da Revolução Francesa, né, 1,84.
Deixa eu deixa eu checar aqui para não
falar bobagem, né? uma em 84 e outra em
98, tá? Um ano antes da Revolução
Francesa eh ser derrotada por Napoleão.
Tá bom? Então, dessa forma, com esse
contexto, a gente consegue ir bem pro
texto. E o que que eu quero chamar
atenção?
Que tem uma coisa, né? Tem um problema,
tem um problema nisso tudo que Kant tava
chamando atenção para ele. Por isso que
vocês vão ver perceber o Lavo de
Carvalho, esse cara que apareceu aqui,
que claramente era fascista, ele usa os
os as, né, o símbolo lá do do da quarta
teoria política, né, e etc e tal, que
coloca o fascismo na jogada também. Ah,
tem as três aí tem o fascismo, a gente
vai fazer tudo numa bem num bem bolado,
né? Esses caras não querem aqui não, tá?
Esses caras não querem aqui não. Ah,
então veja só o que que é. uma cruz
assim, uns negócios assim. Isso é um
símbolo lá da quarta teoria política que
tá querendo dizer assim: “Olha, tem
várias formas de ideologia, inclusive o
fascismo e tá tudo bem e etc.” Não, aqui
não, aqui não, aqui não, tá? Aqui não.
Ah, então veja só, então o que que é a,
então, o que que acontece? Embora você
tenha eh pessoas, né, como o como o
Kant, que no século XVI tavam apontando,
né, que e esse entusiasmo geral no
sentido do desenvolvimento pra frente é
que se anda, a liberdade tá no futuro,
etc e tal. Ah, você tem a reação, né,
que acontece na na no em língua inglesa,
que é o Edmund Burk. que ao invés de
olhar o Kant, ele não faz o elogio da
violência da Revolução Francesa, certo?
Ele fala o elogio de como todo mundo
olhando para aquilo em sua maioria
ficava empolgado com o sentido da
liberdade, certo? Então ele apontava
positivamente pro sentido da consciência
coletiva, que olhando pra revolução
ficava que massa isso era o prierador.
Obrigado que eu tava falando, era o
prierador, né? era o PRAD. Hã, então
olha que massa, lá na frente é que é
legal, etc e tal. Então, é esse sentido
que o Kant faz o elogio. Já o Edmund
Burk, ele vai pegar a a situação que
acontece na Revolução Francesa, vai
apontar que os jacobinos, vocês têm que
entender, os jacobinos são a esquerda,
significa que eles eram gente pobre do
campo. Não tem nada a ver com isso. Quem
foi chamado para compor os os
estados gerais foram pessoas eleitas,
normalmente pessoas influentes, com
dinheiro, etc. e tal. Os estados gerais,
institucionalmente eles se compõem de
primeiro, segundo e terceiro estado,
sendo primeiro estado clero, segundo
estado nobreza e terceiro estado,
exatamente qualquer representante
representa todo o resto que não é nem do
clé e nem da nobreza.
No terceiro estado, para vocês terem
ideia, um dos mais famosos
representantes do terceiro estado é o é
o abad se. O abad se pelo nome, o abad
ele é do clero, entende? Então não tem
essa. Então você vai ter ABAD como o C,
você vai ter gente como a o Robespier
que era advogado, você vai ter
jornalista como Marrá, que o Mahrá,
enfim, você tem esse esse esse grupo de
pessoas de classe média citadina
colocadas nessa estrutura em sua larga
maioria. Em sua larga maioria, certo?
Agora, o que que faz dos jacobinos serem
entendidos como esquerda? Porque a base
de apoio deles era popular. Entenderam?
A base de apoio deles era sobretudo uma
base popular de Paris, ficou conhecida
pelo apelidinho pejorativo Sanculot, que
é o pessoal que não tinha aquela meia
branca feia, que vai até o joelho, que
era sinal de status, né? Então veja, não
significa que os políticos jacobinos
eram pobres ou do povo, mas que a base
que sustentava a o seu poder político
era no povo. O que que o Burk vai dizer
lá da Inglaterra? Ele era um liberal,
etc. e tal. Olha, muito legal esse
negócio de rei, ser impedido, de ter
poderes absolutos, etc. e tal, como vai
acontecendo na Revolução Francesa. Só
que aí quando ele assiste a Revolução
Francesa, ele olha e fala: “Caramba,
esse negócio de colocar esse povo mal
fedido aí,
colocar esse povo fedido na jogada é uma
loucura”. Então ele começa a condenar a
a Revolução Francesa por causa do
período de terror jacobino. E a culpa é
exatamente de ter chamado o povo pro
poder, que o povo, esse essa gente
fedida não devia participar, tá? Essa é
a posição do Edmon Burk, essa gente mal
cheirosa, essa gente que não tem
raciocínio, que não foi educada, vocês
chamam esses malucos para participar da
política. Só podia ter dado terror
mesmo. Esse é o ponto do Burk, certo?
Então o o Burk é o representante neste
contexto histórico de um pensamento.
Isso é é o eh tipo assim, legal esse
negócio de impedir o rei de ter poderes
absolutos, mas a Revolução Francesa
virou uma rodoviária. Esse esse é o
ponto do Burk, tá? O ponto fundamental
do Burk é vocês colocaram gente fedida
que não estuda, que não sei o quê, para
participar da política. Só podia ter
dado merda. Então esse é o exemplo
máximo do conservadorismo, tá? Esse é o
exemplo máximo do pensamento intelectual
conservador. Deu merda na Revolução
Francesa.
Exatamente
porque os jacobinos se sustentam nas
massas. Esse é o ponto do pensamento
conservador do banco. Chamar essas
massas que não estão preparadas paraa
política só podia dar errado. E quem
chama esses caras paraas massas manipula
essas massas burras que elas são, que
elas são incapazes de pensar por si.
Certo?
Esse é o pensamento, esse é o pensamento
filosófico fundamental do
conservadorismo frente ao fato da
Revolução Francesa. Dizer que a
Revolução Francesa é ruim, exatamente
porque é um grupo de intelectuais que se
apo
deveria ser chamada paraa política.
Certo? É isso.
Tá bom? Esse é o pensamento conservador
por excelência. O povo é burro, eu odeio
o povo. Essa é esse é o pensamento
conservador por excelência. E quando um
grupo de pequenos intelectuais usa o
povo para fazer política, só podia dar
em besteira. Esse é o ponto do
conservador.
Edmund Burk na sua manjedura. É
exatamente o ponto dele. O Kant, por
outro lado, é um progressista. Então ele
tá apontando, olha, a confusão concreta
que der llar, independente de qual der,
não me interessa, porque o que me
interessa é o resultado da consciência
das pessoas, que a gente enxerga que tem
uma lei geral, em sentido geral, as
pessoas estão torcendo paraa liberdade.
Isso aponta para um impulso interno
humano que deve apontar pra libertação
humana, seja hoje, seja daqui a 1 milhão
de anos. Esse é o ponto de cântico.
Entenderam?
Mais ou menos. Esse é o ponto de
cântico. Sobre o mesmo fenômeno
Revolução Francesa, na leitura do
Foucault que a gente vai fazer aqui
agora, certo?
No reino dos fins, a consciência já tá
apontando para onde ela vai. Ela tá
buscando a liberdade. Então, se você
deixar a história correr com erros, com
acerto, com melhora, com piora, etc e
tal, a tendência será executar o reino
da liberdade na Terra. Isso é o
pensamento cantiano na leitura do
Foucult, tá?
Só que o que que aconteceu? A partir do
século XX,
depois que a revolução aconteceu na
Rússia também e o mesmo espírito
aconteceu, vai começar a popular eh
partidos comunistas, etc. e tal,
tentando replicar, tentando copiar,
entender o que aconteceu na Rússia.
Aquele entusiasmo
que Kant falou que enxergava no 18
acontece no 20 também,
certo? Aquele mesmo entusiasmo que ele
assistiu no 18, a gente assistiu no 20.
O que aconteceu no Brasil? Anarquistas
viraram comunistas olhando. É, é o mesmo
efeito que o Kant dizia do 18. É o mesmo
efeito. Em geral, as pessoas olham para
aquilo e falam: “Caramba, se deu e deu
errado a Revolução Francesa. Caramba, eu
tava torcendo para que desse certo”. e
em outros lugares vai começar a estourar
outras revoluções, né, em 20, em 30 e
até em 48, que é a primavera dos povos.
Então é como se o o Kant est tivesse
apontando para que essa força motriz ela
não ela não era segurável mais. E como
não foi, né? Então a revolução francesa
foi derrotada e depois teve revolução em
20 até 30 e até 48. E na França teve um
em 30 e outro em 48, né?
Marx, quando ele escreve sobre a
Revolução Francesa de 48, ele escreve eh
exatamente 18 Brumário sobre esse tema,
né? o 18 Brumário do eh Luís Bonaparte,
o sobrinho do do rei francês. Ele fala:
“Olha, na primeira vez falha, na segunda
na foi trágica falha, na segunda foi uma
grande piada, né, que tava todo mundo
vindo que ia virar para o
conservadorismo.” E ele disse, Luiz
Bonaparte, ele traiu todo o processo
revolucionário, dava para ver que ele ia
trair. Vocês são burro para que
vocês não notaram. Esse é o texto de
Marx sobre o tempo. Eles, ele ia usar o
apoio popular que ele tinha concentrado
na figura dele, que representava aquele
movimento de liberdade que Napoleão uma
vez representou. Ele se encarna nessa
coisa, junta o povo em cima dele para
apoiá-lo, diz nem direita nem esquerda.
Assume a presidência da República e
depois dá um autogolpe. E começa uma
ditadura que vai para muito atrás da
Revolução Francesa, de 1789. Entenderam?
Marx tá escrevendo sobre a ascensão de
do sobrinho de Bonaparte, a ditador da
França. E ele fala ou ou imperador ou
seja lá como quiserem chamar. E aí ele
vai dizer isso. Aqui foi para atrás da
Revolução Francesa. Diz Mar.
Esse modelo de se apoiar no povo,
mimetizar o discurso e na verdade ser
reacionário
tá no 18 Brumário. Vocês vão ler lá. ele
conta a história todinha do que ele
pensa sobre isso, certo? Pois bem, mas
aí aí você tinha a figura que Marx cria,
né, de interpretação que ele chama de
bonapartismo, que é o nem direita nem
esquerda, muito pelo contrário, tá? Nem
direita, nem esquerda, muito pelo
contrário. Ah, o Marx chama de
bonapartismo por causa da figura do do
subindo de Napoleão, certo? Nem direita,
nem esquerda, muito pelo contrário, pra
frente, né?
é o que a Marx chama de bonapartismo.
Você consagra o conceito de bonapartismo
a partir daí. E o que eu tô tentando
dizer para vocês é que o movimento do
fascismo do século XX, ele vai fazer a
mesma coisa. Olha, nem direita, nem
esquerda, muito pelo contrário, paraa
frente. Baseado na cultura nossa aqui da
Itália, etc e tal. É um culturalismo
evidente, um apelo paraas raízes
culturais, etc. e tal. nem direita, nem
esquerda, para frente, certo? Que na
prática é um movimento reacionário, por
isso que a gente fala que é de extrema
direita, porque na prática ele vai
voltar para antes da revolução francesa.
E como você viu o rapaz aqui aparecendo,
eles negam a Revolução Francesa, porque
afinal de contas, o universal, eles vão
inventar qualquer para dar
desculpa para isso, para ser
antirevolucionário, tá beleza?
antirevolução francesa. Eles acham que o
mundo começou a piorar quando a
Revolução Francesa aconteceu. Você
percebe que essa é a posição oposta do
Kant, né? Vocês notam isso, né? O Kant
aponta que a revolução é um indicativo
do movimento do sentido da liberdade das
consciências. O reacionário, ele olha
pra Revolução Francesa e fala: “O mundo
piorou”. Bom era antes da revolução. Bom
era quando era monarquia absoluta. Vocês
entendem isso?
Bom era quando era monarquia absoluta.
Então, em Marx, do Pador do século XIX,
ele aponta o seguinte: “Olha só, a
questão não é revolução em abstrato, é
como eu me chamo de revolucionário,
porque às vezes você toma as caras de
revolução, você fala que você tá fazendo
uma revolução, mas na verdade você tá
voltando para trás da revolução
francesa, como fez o sobrinho Napoleão,
certo? Não adianta nada você ficar
assim: “Ai, como eu sou revolucionário”.
Não adianta nada chamar ditadura militar
do Brasil. foi uma revolução de 64, etc.
Não é o nome que é a questão. Se você
estruturalmente constrói para trás da
Revolução Francesa, a gente sabe que que
time que tu joga. Tu joga no time dos
reacionários. Que bom mesmo é fazer uma
revolução para trás, né?
E o apontamento de Marques é que não
adianta ficar mimetizando
o o no discurso a revolução. Você tem
que construir as condições reais para o
povo se organizar numa nova
constituição. E o ponto dele,
ah, e o ponto dele é essencialmente a
condição da formação industrial, né? Tá
bom?
E no século XX, quando isso acontece na
Rússia, que gera essa nova onda de
entusiasmo,
gera essa nova onda de entusiasmo. É, eu
tô ligado, eu tô ligado. Tem uma teoria
pessoal que um dos motivos com certeza
de que faz os conservadores odiarem a
revolução francesa foi ter inspirado a
revolução atiana. Não só isso, a
revolução francesa no período jacobino,
ela ela abolha a escravidão, tá? no
Haiti, ela abolha a escravidão no Haití,
quem volta com ela é o Napoleão. E aí
todos os efeitos da revolução haitiana
acontecerem, né? Teve que ter uma
revolta, mas a a a França tinha abolido
no período jacobino a escravidão, tá? É
importante saber essas coisas. É
importante saber essas coisas e e não
tenha dúvida disso, né? Não tenha dúvida
disso. Não tenha um pingo de dúvida
disso. Mas tá bom. Então, veja só o hã
então veja, veja o movimento do século
XX, especificamente do século XX,
ele faz a ele se traveste inteiro de
movimento popular porque tem uma
dinâmica colocada nova que Mussolini
aprendeu bem. Qual é a dinâmica nova?
Não tem como construir um império mais
sem apoio popular.
Certo? Num movimento num movimento de
monarquia absoluta,
a população, parte da população que era
serva, sei lá, que vivia como
alfaiateiro em Humurgo
na Liga Ranática,
ele não necessariamente queria
participar da política. Ele não
necessariamente se sentia no direito de
opinar politicamente,
certo? poderia haver no período da Idade
Média uma espécie de letargia coletiva
de olha só o mundo é assim porque é
assim, eu não preciso ser ouvido, certo?
Eu não preciso ser ouvido. No século XX,
esse movimento não faz mais sentido,
sobretudo por causa do entusiasmo com a
revolução russa.
Então, o sentido da necessidade do apoio
popular até para você querer ser um rei
absoluto antigo
é uma outra, é uma coisa nova na
política. Você desde que a Revolução
Francesa matou na cara de todo mundo, o
rei,
na cara de todo mundo, televisionado
como espetáculo comentado pelos
filósofos do planeta, influenciando em
toda a libertação, toda, tá? Toda a
libertação das Américas, toda. Senão
como causa nos Estados Unidos, como
consequência, toda ela tem relação com a
Revolução Francesa. Toda a libertação da
América. América do no Brasil foi assim.
E no ã
isso, isso, isso não. Então o Toquev
falava disso dos Estados Unidos. Ele
falava: “Eu fui pros Estados Unidos, eu
nunca vi tanta gente querendo participar
da política”. A mesma coisa que
acontecia durante a Revolução Francesa.
Durante a Revolução Francesa vinam
observadores externos pra França e eles
falam: “Caraca, eu nunca vi tanto jornal
publicado. Isso é tudo documentável. Eu
nunca vi tanta gente com intenção de dar
opinião sobre a política”. Certo? Então
isso é uma coisa que se desenvolve no
século XVI
e na Europa depois e no final do 18, no
início do 19 e no 20 depois dessa
segunda revolução que é a revolução
russa, que joga uma nova perspectiva no
ar de que é possível ter uma nova onda
de revoluções como foram as revoluções
liberais, porque teve a revolução de
1789, mas depois digo de novo, veio
várias revoluções em 20, várias
revoluções em 30 e em 48. É até difícil
contar no mapa quantos locais estouraram
revoltas. Então, o fato de ter estourado
a revolução russa deixou no ar depois de
de 1917 a possibilidade de explodir
igual explodiu a primavera dos povos na
Europa, ter uma nova primavera dos povos
naquele mesmo sentido. Não teve, mas é
esse cheiro no ar havia.
Então, a ideia de que para eu ser um
grande agente político, eu tenho que ter
base de apoio popular era uma coisa
incrivelmente presente no século XX.
Mussolini, que veio de um partido
socialista, aprendeu bem a importância
disso e aí ele toma o poder de uma forma
reacionária, com base um apoio popular,
criando esse movimento autoritário em
que se eu coloco o povo na rua, eu que
mando no país. Então ele começa a juntar
a gente para apoiá-lo, se torna uma
figura de relevância e fala: “Que tal se
eu fechar o governo?” E ele fecha,
porque ele tem apoio popular para isso,
certo? Então tem que ter muita clareza
de que o movimento fascista é um
movimento de massas, tá? É um movimento
de massa.
O movimento fascista é um movimento de
massa, tá? Tem que ter muita clareza com
isso. O movimento fascista de extrema
direita é o movimento de massas.
Ó, o Alfredo tá me perguntando: “E você
não acha que Napoleão tem o tem papel em
propagar esse movimento de ah de
libertação?” Sim, eu acho que sim,
porque ah
o movimento da Revolução Francesa com
Napoleão, ele ganha o o aspecto da
força, né? Tipo assim, esse movimento
novo pode sempre que acontece uma coisa
muito diferente, muito nova, ela pode
soar muito maluca, né? Mas se você
começa a vencer a Ária, veja, a própria
França sem Napoleão ainda na nas
cabeças, venceu a Áustria e a Prússia.
Então isso chama atenção. Se Napoleão
vai tomando, depois desse movimento
acontecer, vai tomando toda a região até
chegar na Alemanha, consegue colocar a
Europa toda ocidental de joelho,
consegue colocar familiar dele na
Itália, consegue colocar familiar dele
na Espanha, isso mostra que não é só
fogo de palha, né? Eu acho que tem uma
um um uma importância na propagação de
que aquele ideário não é só um ideário,
ele tem capacidade de se executar no
mundo de alguma forma, né? Eu acho que
tem esse papel que é isso que chamou a
atenção de Heig inclusive no início, né?
Ele olhava para Kant atravessando a
Alemanha, ele falou: “Isso aqui é o
cavalo da liberdade montado em um homem,
né?” Não é isso? Então, ah, eu acho que
esse esse efeito de mostrar que aquilo
que tinha se originado com aqueles
princípios deu um resultado forte, né,
tem um papel social importante nisso
tudo, tá? Eh,
mas o que que eu tava falando do século
XX? Tava falando do século XX. Bom, no
século XX você tem um movimento, tá, de
direita que recupera, em certa medida,
ah, o culturalismo e o apelo pro
passado. Então, é uma mescla, o
movimento de extrema direita, ele mescla
noções reiguelianas, inclusive tem um
monte de intelectual regueliano no
fascismo italiano, tá? um monte que
pensa mesmo a fundação do futuro, a
formação de um novo homem, a formação de
uma coisa nova que é melhor, que é paraa
frente, que é mais livre e etc e tal,
mas ao mesmo tempo que faz um elogio
absolutamente claro do da importância do
passado e da construção do passado e
etc, etc, etc. Tá? Então não há uma
dicotomia no pensamento fascista entre
passado e futuro, né? Eles mesclam bem
as duas coisas. Eles mesclam bem as duas
coisas. Mas isso também não pode se
dizer da Revolução Francesa. A Revolução
Francesa, como eu disse no próprio texto
do Marx, tá escrito assim: “Olha, o o
própria Revolução Francesa, ela se
fantasia de República Romana, ela olha
pro passado também. Então, não há uma
dicotomia entre construir o futuro e
olhar pro passado, nem na Revolução
Francesa do período jacobino e nem no
fascismo italiano, nem no, ou seja, não
é isso que distingue direita de
esquerda, certo? Não é, não é
a o movimento, o movimento
do século 20, que é o fascismo, ele
reage ao bolchevismo e a revolução de
seu tempo. Então, se a revolução do
século XX era uma revolução que prometia
a conquista dos trabalhadores
do sistema capitalista para a fundação
de um novo sistema,
o movimento fascista diz que vai colar
os trabalhadores em união com os
empresários
para evitar exatamente a revolução
bolchevique, que é assim que eles
chamavam, de maneira era pejorativa,
eles chamavam de bolchevismo,
certo? Então, a, assim como Burk escreve
contra a Revolução Francesa,
Mussolini
reage contra a revolução
que eles chamam de bolchevismo. Então, é
a contrarevolução, é o é o é a forma de
parar o bolchevismo.
Não significa que eles não pensam em
construir uma coisa nova pro futuro,
certo? Isso não é uma questão
ideológica, é uma reação prática em
relação a um processo político. Por que
que Burk é o intelectual
da direita do século XVI? Porque ele
escreve contra a revolução. Kantre
contra a revolução, por isso que ele não
é reacionário.
Ainda que ele encontre,
ó, isso aqui é a consequência do que der
aqui nem é questão, mas é positivo na
medida em que. Então, por isso que ele
não é reacionário. Kant reacionário,
Burk é.
Por isso que Mussolini é reacionário,
porque ele vê a revolução da da Rússia e
fala: “Como eu vou organizar para reagir
a isso, para impedir que isso aconteça?”
E ele ganha popularidade exatamente por
ser a pessoa que articulará
uma massa de trabalhadores para se opor
ao bolchevismo,
certo? Por isso que é reacionário, não é
ofensa, percebem? A descrição,
tem o tem o movimento europeu de
revolução, tem gente que torce para isso
e etc e tal. Tem gente que ativamente
joga contra, ativamente tenta impedir
que em outros lugares se espalhe aquele
movimento
ativamente. Não é que você é neutro, não
é que você tem medo, não é que você é
cético, não, é que você encarna na sua
política ser o cara que vai impedir que
isso aconteça. Por isso que você é
reacionar, por isso que é de extrema
direita. Evidentemente de extrema
direita. E para por que que é de extrema
direita e não só de direita? Porque você
podia dizer, mas liberais também são
contra a revolução bolchevique, de fato.
Mas eles não diziam que iam dar porrada
em todo mundo e impedir isso na marra e
caçar qualquer um que ah
faça o risco desse movimento e e fechar
o estado e acabar com os direitos, etc e
tal. Por isso que
esses caras são de extrema direita. eh
eh a tentar impedir o movimento do
bolchevismo no século XX, como eles
próprios chamavam, de maneira violenta,
brutal, eh, impedindo inclusive as
liberdades que já tinham sido
conquistadas
dentro do sistema liberal, certo? Ou
seja, reacionário, voltando para trás,
melhor antes da Revolução Francesa, perd
lutando contra os ganhos da Revolução
Francesa, dizendo que a Revolução
Francesa não ganhou nada, que só fundiu,
fundou um mundinho burguês de gente
brocha, como dizia Niet, aliás, certo?
É esse que é o pensamento reacionário
por excelência. Dizer assim: “Olha, só
tem brocha nesse negócio, a gente é
forte o suficiente para segurar isso”. E
o pensamento liberal que garantiu
direitos. Ah, que mané garantir
direitos? Ninguém não precisa disso. A
gente precisa de homens fortes para
derrotar o buchevismo. Por isso que é
claramente irracional. É muito,
evidentemente irracional. Tá?
Agora vamos pro texto do FC.
Parece-me que este texto
eh faz parecer um novo tipo de questão
no campo da reflexão filosófica. Que
texto que ele tá falando? o que é o
Iluminismo do Kant, né? Então,
claramente, este não é certamente nem o
primeiro texto da história da filosofia,
nem mesmo o único texto de Kante que
tematiza a questão que diz respeito à
história. Encontra-se em Kante textos
que colocam a história uma questão de
origem, o texto mesmo sobre os inícios
da história, o texto sobre a definição
do conceito de raça. Outros textos
colocam a história a questão de que eh
de sua forma de realização. Assim, neste
mesmo ano de 1784, inclusive publicado
antes, a ideia de uma história universal
desde o ponto de vista cosmopolita. Um
texto foi publicado um mês, acho que
outubro e o outro foi novembro. Um foi
novembro e dezembro, tá? Na mesma
revista, ele fala qual é o nome da
revista aqui embaixo. Pera aí. Eh,
Berlinis Monat Schrift. Ah,
Berlinis Monat Schrift. Eh, é escritos
mensais de Berlim, né, berlinense
um acho que foi em outubro, outro em
novembro ou novembro e dezembro, tá?
Esses dois textos.
Ah, em outros, né, em outros textos de
Cantic, por fim, se interroga sobre a
finalidade interna, organizando os
processos históricos. Assim como no
texto dedicado ao emprego de princípios
teleológicos. Para quem não sabe,
teleológico tem a ver com a finalidade,
né? Os princípios que levam a certas
finalidades. Todas essas questões,
aliás, estreitamente ligadas,
atravessam, com efeito, as análises de
Kant. A propósito da história, parece-me
que o texto de Kant sobre a Alf Clong,
eh, é um texto bastante diferente, né, o
sobre o que é o esclarecimento, né, e
tal. Ele não coloca diretamente, e em
todo caso, nenhuma destas questões, nem
a da origem, nem, apesar das aparências,
a da realização.
Ele coloca de uma maneira relativamente
discreta, quase lateral, a questão da
teleologia imanente ao processo mesmo da
história. Ele vai explicar o que ele
quer dizer com isso aqui, né? Porque o
francês tem mania de fazer isso. Mas o
que ele quer dizer mais ou menos assim,
ó. ele toca no tema do sentido da
história humana, só que de maneira
apenas lateral, tá? A questão que parece
surgir pela primeira vez nesse texto de
Kant é a questão do presente, na questão
da atualidade. O que que tá acontecendo
hoje, né? Porque perguntaram para ele. O
texto, na verdade, se chama uma resposta
à pergunta. O que é o Iluminismo, né? Um
jornalista perguntou para ele, ele
escreveu um texto como resposta.
Ah, então o o que ele tá, o que o
Foucault tá dizendo é que tem um
subtexto aqui que Kant tá tornando
filosófica uma questão de
autoconhecimento e de autovalorização do
que você tá falando, que você mesmo tá
fazendo. Se você se entende como
Iluminista e tá dizendo que é
Iluminismo, você tá fazendo uma
autoavaliação. Então é uma análise de
atualidade, uma análise presentista, tá
dizendo Foucault, e é uma análise que
funda um sentido pro que é esse fazer
filosófico dele próprio nesse momento
histórico. E a e quando você diz o que é
o esclarecimento, sendo que o
esclarecimento é uma coisa que surgiu na
história, o que o Foucault tá dizendo é
que o pensamento do Kant nesse nesse
quesito é um pensamento histórico. Ele
tá consciente que ele não tá dizendo
sobre a filosofia inteira, mas ele tá
falando sobre o que é a minha forma de
fazer filosofia. Circ e circunspecto num
pensamento histórico específico e que é
um uma propriedade, como você tá
fundando as bases, é uma consciência do
sujeito que faz a filosofia. ao invés de
falar assim uma historicidade, uma
questão universal que tá dada, como ele
faz em
eh crítica da razão pura, eh que ele
fala sobre aspectos gerais da razão,
aqui ele tá falando de uma razão
histórica circunspecta, que é a dele.
Ele tá se autolocando na posição de
sujeito. É isso que o Kant, o que o
Foucault tá falando sobre Kant, tá?
Então, ó, o que é que aconteceu hoje? O
que acontece agora? E o que é esse
agora? no interior do qual estamos uns e
outros e que define o momento onde
escrevo. Esta não é a primeira vez que
se encontra na reflexão filosófica
referências ao presente, pelo menos como
situação histórica determinada e que
pode ter valor para a reflexão
filosófica. Apesar de tudo, quando Decar
no início do discurso do método conta
seu próprio itinerário e o conjunto de
decisões filosóficas tomadas ao mesmo
tempo para si, para a filosofia, ele se
refere antes a uma eh a uma maneira
explícita, a algo que poderia ser
considerado como a situação histórica na
ordem do conhecimento e das ciências de
sua própria época. Então ele tá dizendo,
olha, o Kant não foi o primeiro que fez
isso. No próprio Decar tá pressuposto,
se você lê com calma no início do
discurso do método. Então assim,
consciência histórica não é uma questão
própria do Kant, mas ele vai falar que o
Kant deu um passo a mais. Mas nesse
gênero de referências, trata-se de
encontrar nessa configuração designada
como presente um motivo para uma decisão
filosófica. Em Decarte não encontramos
uma questão que seria da ordem. abre
aspas, o que é precisamente esse
presente ao qual pertenço, né? Então o
que ele tá dizendo é que o a reflexão
histórica em Kante ela é mais profunda,
ela é bem consciente de si. Na hora que
ele tá falando: “Eu estou designando,
não que é a filosofia de uma vez para
para sempre, mas a minha corrente onde
eu me situo. O que que nós nesse momento
histórico estamos fazendo?”
Ora, me parece que a questão a qual Kant
responde, aliás, aquela que ele é
obrigado a responder, posto que ele foi
colocado, essa questão é outra. Esta não
é simplesmente o que é que na situação
atual pode determinar tal ou qual
decisão de ordem filosófica. A questão
centra-se sobre o que é este presente,
centra-se sobre a determinação de um
certo elemento do presente que se trata
de reconhecer, de distinguir, de
decifrar. no meio de de todos os outros.
Ou seja, o que ele tá dizendo é que é
uma análise geral desse momento
específico que pressiona todos nós a ter
certas inclinações. O que ele tá dizendo
é que K tem muito claramente uma
consciência histórica do do próprio
conjunto de coisas que cercam o próprio
Cant para ele escrever o que escreve e
que ele próprio desenvolve. Porque essas
coisas me cercam, é que a gente tem que
desenvolver isso aqui. E, portanto, é
uma consciência do sujeito do sujeito
ciente de seus determinantes históricos.
O que é que no presente faz sentido para
uma reflexão filosófica? Na resposta que
Kant tenta dar a essa interrogação, ele
pretende mostrar de que forma esse
elemento torna-se o portador e o signo
de um processo que concerne ao
pensamento, conhecimento, a filosofia.
Mas trata-se de mostrar em que e como
aquele que fala enquanto pensador,
enquanto cientista, enquanto filósofo,
ele mesmo faz parte do processo. E mais
que isso, como ele tem um certo papel a
desempenhar nesse processo, no qual ele
então se encontra ao mesmo tempo como
elemento do processo, mas como autor
consciente, como sujeito, né?
Em resumo, parece-me que se viu aparecer
no texto de Kant a questão do presente
como acontecimento filosófico ao qual
pertence o filósofo que fala. Se se
considera a filosofia como uma forma de
prática discursiva que tem sua própria
história, parece-me que com esse texto
sobre Alf Clerung, ah, vê-se a
filosofia, e penso que não fo as coisas
demais ao dizer que é a primeira vez,
problematizar sua própria atualidade
discursiva, atualidade que ela interroga
como acontecimento, como um
acontecimento do qual ela deve dizer o
sentido, o valor, a singularidade
filosófica e no qual ela tem que
encontrar ao mesmo tempo sua própria
razão de ser e o fundamento daquilo que
ela diz. Deste modo, vê-se que para o
filósofo, colocar a questão de seu
pertencimento a este presente não será
de forma alguma questão de sua filiação
a uma doutrina ou a uma tradição. Não
será mais simplesmente a questão de seu
pertencimento a uma comunidade humana em
geral. mas o seu pertencimento a um
certo nós, a um nós que se relacione com
o conjunto cultural característico de
sua própria atualidade. Então, o que ele
tá dizendo é o seguinte: “Olha, nós
estamos recebendo em conjunto a mesma
quantidade de influências. é assim que o
o Foucault tá lendo. E, portanto, temos
obrigação com esse tempo, com esse
momento de gerar e de criar a partir
dessa realidade que a nós se impõe.
É este nós que está a caminho de
tornar-se para o filósofo objeto da sua
própria reflexão. E por isso mesmo se
afirma a impossibilidade de fazer a
economia da interrogação para o filósofo
acerca de seu pertencimento singular a
este noso. Tudo isso, a filosofia como
problematização de uma atualidade e como
interrogação para o filósofo da dessa
atualidade da qual faz parte e em
relação à qual tem que se situar poderia
caracterizar a filosofia como discurso
da modernidade e sobre a modernidade.
que nós modernamente iremos criar. É
isso que o Focult tá querendo jogar
luzes, o aspecto criativo,
inovador dessa posição, dessa posição
cantiana. Qual é esta minha atualidade?
Qual é o sentido desta atualidade? E o
que faço quando falo dessa atualidade? É
nisso que consiste, me parece, essa nova
interrogação sobre a modernidade. Ou
seja, se a filosofia sempre foi em
conjunto uma coisa, né? Mas o que que
tem de novo no Iluminismo? Entenda o que
que a gente tá fazendo de diferente?
Então tem um aspecto criativo aqui,
percebe?
Isso não é nada mais que uma pista que
convém explorar com um pouco mais de
precisão. Vocês estão vendo que eu tá,
tão vendo?
Isso não é nada mais que uma pista que
convém explorar com um pouco mais de
precisão. Seria necessário tentar fazer
a genealogia, não tanto da noção de
modernidade, mas sobre a pergunta, né,
mais da modernidade como questão. O que
que é ser o moderno? O que que é ser
diferente do passado? O que é ser o
novo? Entendeu? Essa aqui é a questão. E
em todo caso, mesmo se tomo o texto de
Kant como ponto de emergência dessa
questão, é claro que faz parte de um
processo histórico muito amplo do qual
seria preciso conhecer as medidas.
Seria, sem dúvida, um eixo interessante
para o estudo do século XVI em geral e
mais particularmente da Afclerung,
que se interroga sobre o seguinte fato.
Alclerong chama a si mesma de alclerung,
né? eles próprios se identificaram.
Ela é um processo cultural, sem dúvida,
muito singular, que sendo consciente de
si mesmo, nomeando-se, né, diferente da
sofística, que não se chama sofística,
ela é nomeada e a gente guarda o
conceito a partir de outros pensadores,
diferente da própria filosofia que vai
ser nomeada por não pelos primeiros
pensadores que são nomeados filósofos,
né? Então, a própria Alfcler que se
chama de Alfcler, situando-se em relação
do seu passado e em relação com o seu
futuro e designando as operações que
devia efetuar no interior de seu próprio
presente. Ou seja, ela é autocativa.
Ã, apesar de tudo, né? Ela cria as
próprias balizas do sentido de para onde
ela vai de maneira consciente. Apesar
disso tudo, a Alflerung não é a primeira
época que se nomeia a si mesma em lugar
de simplesmente se caracterizar, segundo
um velho hábito, como período de
decadência ou de prosperidade, de
esplendor ou miséria. se nomeia através
de certo evento marcado em uma história
geral do pensamento, da razão e do
saber, e no interior da qual ela tem que
desempenhar
ah o seu próprio papel. Isso era uma
pergunta. Pera aí, deixa eu ler de novo.
Apesar de tudo, a Alf Cleron não é a
primeira época que se nomeia a si mesma
em lugar de simplesmente se
caracterizar, segundo o velho hábito,
né? Dizer assim: “Ah, agora é bom, agora
é ruim”, né? Tipo, renascimento. Por que
que é renascimento? porque agora é bom,
igual antigamente. Aí ele tá dizendo que
ela dá mais do que isso, né? Alf Clerong
é uma época, uma época que formula ela
mesma seu lema, seu preceito e que diz o
que se tem que fazer. Portanto, ela é
ela é autopoética, né? Ela própria
conscientemente diz para onde vai. Tanto
em relação à história geral do
pensamento. Oi,
Elf. escleram é Iluminismo em alemão, é
esclarecimento em alemão, quanto em
relação a esse seu presente e as formas
do conhecimento de saber, de ignorância
e de ilusão nas quais ela sabe
reconhecer sua situação histórica.
Parece-me que nessa situação Alf Clarung
vê-se uma das primeiras manifestações de
uma certa maneira de filosofar que teve
uma longa história desde dois séculos,
né? Há dois séculos para trás que
ninguém fazia algo parecido. Uma das
grandes funções da filosofia dita
moderna, esta que se pode situar no
início do finalzinho do século XVI,
perceba quando Foucault fala de
filosofia moderna, ele tá falando do que
a gente fala em historiografia de idade
contemporânea, tá? Em Foucault, o que
ele tá chamando aqui de filosofia
moderna, nasce na idade contemporânea,
tá? É importante notar isso, né? Ele não
tá falando de eh decar lock.
H,
como é que é o nome do outro? Robes, tá?
Ele não tá falando dessa gente, ele tá
falando do século XVI paraa frente.
Então, ele tá falando filosofia moderna
aqui nesse texto significa idade
contemporânea.
Esta que se pode situar no início,
situar o início no finalzinho do 18,
certo? início no finalzinho do 18 é
revolução francesa antes da Revolução
Francesa. É o limear, é aquele momento
de transição para pra idade
contemporânea, tá? é de se interrogar
sobre sua própria atualidade.
Poderíamos seguir a trajetória dessa
modalidade de filosofia através do
século XIX até os dias de hoje. A única
coisa que eu gostaria de frisar neste
momento é que esta questão tratada por
Kant em 1784
para responder uma questão que ele foi
colocada desde fora, né, que foi alguém
que perguntou para ele, ele não esqueceu
nunca mais. ele vai colocá-la novamente
e tentar respondê-la em relação a outro
acontecimento que também não deixou de
interrogar-se. Este acontecimento
claramente é a Revolução Francesa.
Em 1798,
Kant de alguma forma dá sequência ao
texto de 1784.
Tem dois de 1784. É aquele primeiro que
ele menciona, depois é o que é a
filosofia, que é um um texto um mês
depois do outro. E esse de 98 que ele
vai mencionar agora, tá? Em 1784,
ele tentava responder a questão que se
colocava, o que é esta alcler da qual
fazemos parte? E em em 1780 1798, ele
responde a uma questão que a atualidade
lhe colocava, mas que fora formulada
desde 94 por toda a discussão filosófica
da Alemanha. Essa questão era o que é o
que é a revolução, né? a Revolução
Francesa e se a gente é do time que
gosta de revolução, que não gosta de
revolução, né? É, é essa questão que foi
colocada pelo fato da Revolução Francesa
acontecer. Você sabe o que eh você sabe,
é né? Vocês sabem que o conflito
das faculdades, conflito das faculdades
é esse texto, tá, que ele tá mencionando
de 98. Você vocês sabem, claro, todos
que estão lendo sabem, né? Francês é
né? Todos vocês sabem, né? que o
conflito das faculdades é uma coletânea
de três dissertações sobre as relações
entre as diferentes faculdades que
constituem a universidade, tá? Então,
esse texto aqui é o texto de 98 de
Kante, que fala sobre a a discussão
entre a teologia, o direito e a
filosofia, que ele fala que em privado,
e em privado aqui é o contrário do que
vocês podem imaginar, em privado o que
ele tá dizendo é assim, ó. Quando você
tá exercendo uma função pública, você
não faz o que você quiser, tá? quando
você é professor, quando você é juiz,
quando você é padre, né, que são os
resultados, né? Quando você é, tipo
assim, você faz teologia, você vira
padre. Quando você for padre, na
atividade de padre,
contratado para ser padre, você não fala
o que você quiser, você fala o que você
aprendeu, certo? Agora, na sua vida
particular tirou a batina, aí você pode
criticar religião, falar de toda Agora,
quando você formou numa faculdade de não
sei o quê, de não sei o quê, você tem
que reproduzir o dogma na vida privada,
que ele chama de vida privada, que ele
tá chamando é a vida profissional. Na
vida privada, né, na profissional, você
tem obrigação de seguir regras. Se você
é juiz, você tem que seguir a lei. Se
você é teólogo, você tem que seguir a
doutrina. Se você é filósofo, aí ele
fala: “Filósofo tem uma condição
especial. Até na condição de professor
de filosofia, você tem que ter sempre a
a obrigação de criticar”. É isso que é o
o texto fala.
Então, todo mundo tem que ter o direito
à crítica pública. Pública. Eu vou numa
numa, sei lá, num
evento ou eu vou aqui no YouTube, eu
critico do jeito que eu quiser, eu falo
o que eu quiser. Eu posso até dizer que
Deus não existe, não tem problema
nenhum. Agora colocou a batina no
cerimonial profissionalmente, você tem
que seguir as regras da profissão. É
esse que é esse que é o o cerne desse
texto, tá? Só para vocês se situarem,
para vocês não ficarem
perdidos no que a gente vai ler a
seguinte, porque ele acabou de dizer,
vocês sabem, né? Ele tá assumindo que
você conhece o texto, então eu tô
apresentando o texto para vocês. Então
vocês sabem que o conflito das
faculdades é uma coletânea de três
dissertações sobre as relações entre as
diferentes faculdades que constituem a
universidade.
A segunda dissertação diz respeito ao
conflito entre a faculdade de filosofia
e a de direito. Toda a área das relações
entre filosofia e direito se ocupa da
questão, existe um progresso constante
no gênero humano? E é para responder a
essa questão que Kant, no parágrafo
5into dessa dissertação desenvolve o
seguinte raciocínio: se quer responder a
questão, abre aspas, existe um progresso
constante no gênero humano, fecha aspas,
é necessário determinar se existe uma
causa possível desse progresso. Aí a
causa é aquele negócio que a gente falou
que Kant verifica quando todo mundo olha
pra Revolução Francesa e torce pela
liberdade, certo? É um impulso interno
verificável empiricamente, tá? A gente
conversou antes, porque se eu deixasse
para você só ler o texto sem eu te
explicar antes, provavelmente você não
ia entender. Sequer responder a questão
existe um progresso constante no gênero
humano, é necessário determinar se
existe uma causa possível desse
progresso. Mas uma vez estabelecida essa
possibilidade, é preciso mostrar que
essa causa atua de verdade efetivamente.
Ela não é só uma possibilidade, ela é
efetivada. E para isso realçar um certo
acontecimento que mostre que a causa
atua realmente. Em suma, a citação de
uma causa não pode nunca determinar os
efeitos possíveis, ou mais exatamente a
possibilidade do efeito, né? Mas a
realidade de um efeito apenas pode ser
estabelecida pela existência de um
acontecimento, olhando empiricamente,
não é suficiente que se diga a trama
teleológica,
ah, que se siga a trama teleológica que
torna possível o progresso. É preciso
isolar no interior da história um
acontecimento que demonstre esse sentido
do progresso em concreto, né? Que que
sirva como signo, sinal dessa teleologia
que você consegue, né? Você verifica num
caso concreto um sinal, um símbolo que
aponta para isso que você tá intuindo
como a direção da história, né? Signo de
quê? signo da existência de uma causa,
de uma causa permanente, que eu não
enxergo, mas eu consigo ver o o
resultado dela, o símbolo dela, né, no
na concretud, que ao longo da história
guinaram os homens pela via do
progresso, causa constante da qual se
deve então mostrar que agiu outras
vezes, que atua no presente e que atuará
posteriormente. o acontecimento, em
consequência que nos permite decidir se
há progresso. Será um signo
rememorativo,
ah, demonstrativo
e pronóstico, né? Remorativo,
demonstrativo e prognóstico. Remorativo
que ele vai, ah, é melhor deixar ele
explicar, né? que que é a trinca que vai
mostrar que quando você verifica uma
coisa, você pode verificar que ela
continuará acontecendo lá no futuro. É
preciso que este seja um signo que
mostra que isso tem sido sempre como é,
ou seja, rememora, né? Outras vê você
mostra esse signo e mostra, olha, no
passado acontecia um signo que mostre
que a coisa atualmente se passam assim
também, demonstra, né? você vê e que
nesse mesmo símbolo você pode você possa
ter a a
expectativa de que no futuro vai
continuar sendo assim, que enfim mostre
que as coisas permanecerão assim, signo
prognóstico. E é assim que poderemos
estar seguros de que a causa que torna
possível o progresso não atua apenas em
um momento dado, mas que ela garante uma
tendência geral do ser humano em sua
totalidade em marchar no sentido do
progresso. Eis a questão, abre aspas.
Existe em nosso redor um acontecimento
que será rememorativo, demonstrativo e
prognóstico de um progresso que permita
levar o gênero humano
em sua totalidade. Fim de aspas. Então,
veja, não foi o Foucault que inventou
isso, ele ele tirou do próprio texto do
Kant. A resposta dada por Cant vocês
podem adivinhar, mas eu gostaria de ler
a passagem pela qual ele introduz a
revolução como acontecimento que tem
esse valor de signo, né? Qual era o
símbolo que serviria para você ligar
acontecimentos concretos que apontam
para essas três coisas, né?
Abre aspas para Canto. Não espereis
escrever.
Pera aí, perdão. Não espereis, escreve
ele no início do parágrafo 6, que este
evento consista em algo, altos gestos ou
delitos importantes cometidos pelos
homens, em razão de que o que era grande
se torna pequeno, o que é pequeno se
torna grande, né? Grandes revoluções,
reviravoltas, nem antigos e brilhantes
edifícios que desaparecem. A a menção é
óbvia ao hã
como é que é o nome do prédio que foi
derrubado,
A baxilha, né? Não é porque a baxilha
sumiu no ar, né? Ela foi tijolo por
tijolo, o pessoal retirou e não tem
baxilha mais. Então as referências são
óbvias. Ele tá falando claramente da
revolução. Nem antigos e brilhantes
edifícios que desaparecem como que por
magia, enquanto que em seu lugar surgem
outros como que saídos das profundezas
da Terra. Não se trata de nada disso. Ou
seja, a revolução é apenas o signo, não
é ela que é a referência para noção de
progresso. Ó, nesse texto, Kant faz,
evidentemente, alusão às reflexões
tradicionais que buscam as provas do
progresso ou não progresso da espécie
humana na queda dos impérios, nas
grandes catástrofes em meio dos quais
estabelecidos desaparecem
nos reveses das fortunas que diminuem as
posses e que fazem aparecer novas.
Prestem atenção, descante a seus
leitores. Não é nos grandes
acontecimentos que devemos buscar o
signo rememorativo, demonstrativo e
prognóstico. Ou seja, não é no fato
concreto, é na consciência, ó, do
progresso. É nos acontecimentos bem
menos grandiosos, bem menos
perceptíveis. Não se pode fazer essa
análise do presente no que diz respeito
a esses valores significativos. sem nos
entregar a um cálculo que permita dar a
isto que aparentemente é sem
significação e valor, a significação e o
valor que buscamos. O que é esse
acontecimento que não é então grande
acontecimento? Há, evidentemente um
paradoxo em dizer que a revolução não é
um acontecimento ruidoso, né, grandioso.
Não é o exemplo mesmo de um
acontecimento que inverte, que faz que
eh o que era grande se torne pequeno e o
que era pequeno se torne grande e que
devora as estruturas que pareciam as
mais sólidas da sociedade e dos estados.
acontece que para Kante não é esse
aspecto da revolução que faz sentido. O
que constitui no acontecimento um valor
emorativo, demonstrativo e prognóstico
não é a drama, não é o drama
revolucionário, as mortes, abundanças, o
rei que cai, o rei que sobe. Não é isso.
Por si, as façanhas revolucionárias, nem
os gestos que os acompanhem. O que é
significativo, aí que você vê o aspecto
idealista, é a maneira pela qual a
revolução se faz.
espetáculo, como ela é uma
representação,
como você assiste como você assiste um
filme e aí a mente reage no sentido de
eu quero liberdade, entenderam? Percebe
como é que é uma leitura idealista?
Percebe?
Então, ó, o que é significativo é a
maneira pela qual a revolução se faz
espetáculo representacional para
consciência reagir e ela apontar o
sentido para qual ela quer o futuro. É o
sentido da liberdade. É a maneira pela
qual ela é acolhida em torno dos
espectadores que não participam, mas que
olham, que assistem e que ou bem ou mal
se deixam arrastar por ele. não é o
transtorno revolucionário em concreto,
né, que constitui a prova do progresso
em primeiro lugar. Sem dúvida, porque a
revolução não faz mais que inverter as
coisas e também porque se se tivesse de
refazer esta revolução não se refaria,
né, quando ela é muito violenta e etc e
tal. Há neste sentido, um texto
extremamente interessante, abre aspas.
Pouco importa, disse ele, se a revolução
de um povo cheio de espírito, como a que
vimos perto de nossos dias, tá falando
exatamente da Revolução Francesa, pouco
importa se ela triunfa ou fracassa,
pouco importa se ela acumula miséria e
atrocidade, até um ponto tal que um
homem sensato que a refaria com a
esperança de ter êxito, não resolveria
nunca, entretanto, tentar a experiência
a esse preço. Ou seja, não importa
sequer que a revolução tenha sido tão
ruim que ela tenha gerado um medo de de
revolução, porque na verdade o que ela
faz é servir como esse espetáculo que
aponta para uma tendência interna
universal de est sempre buscando a
liberdade. Ou seja, o que importa é a
consciência, percebe?
Não é? Então, o processo revolucionário,
que é importante, pouco importa se
triunfa ou fracassa, isso não podem eh
isso não tem a ver com o progresso, ou
pelo menos com o signo do progresso que
nós procuramos. O fracasso ou triunfo da
revolução não são signos do progresso ou
signo que tem progresso. Mas ainda que
houvesse a possibilidade de alguém
conhecer a revolução, de saber como ela
se desenrola e ao mesmo tempo de ter
êxito nela e ainda calculando o preço
necessário a esta revolução, este homem
sensato não a faria. Então, como
reviravolta, como empreendimento que
pode triunfar ou fracassar, né? confusão
danada que pode dar certo, pode dar
errado, como preço pesado a pagar, a
revolução em si mesma não pode ser
considerada como signo de que existe uma
causa capaz de sustentar através da
história o progresso constante da
humanidade. O que que tem que ser esse
progresso constante? É o impulso da
consciência. Percebe a diferença entre
que que vem primeiro, a materialidade ou
a consciência?
Você consegue enxergar a diferença de
materialismo e idealismo? Agora de uma
maneira mais clara um pouco?
Por outro lado, o que faz sentido e o
que vai construir o signo do progresso é
que em torno da revolução de Cante, há
abre aspas uma simpatia de aspiração que
beira o entusiasmo. Ou seja, e assistir
a revolução aponta para um movimento
interno tendencial da humanidade no
sentido da liberdade, que ela é a
fundadora como causa, como consciência.
que direciona na teleologia para a
história e na prática fundando a
liberdade. Ou seja, K tá abrindo as
portas paraa filosofia de rei. O que é
importante na revolução não é a
revolução em si, mas o que se passa na
cabeça dos que não a fazem, ou em todo
caso, que não são os autores principais,
é a relação que eles mantêm com essa
revolução da qual eles não são agente
agentes ativos. O entusiasmo para com a
revolução é signo, segundo Kant, de uma
disposição moral da humanidade
intrínseeca. Essa disposição se
manifesta permanentemente de duas
formas. Primeiramente, no direito que
todos os povos têm de se dar a
constituição política que lhe lhes
convém, no princípio, conforme o direito
e a moral de uma constituição política
que evite, em razão de seus princípios,
toda a guerra ofensiva.
É precisamente essa disposição da qual a
humanidade é portadora em direção a uma
tal constituição que o entusiasmo pela
revolução significa. a revolução como
espetáculo e não como gesticulação, né,
ali no como você assistindo, né, e
gerando gerando a clarificação de que a
consciência humana tende paraa liberdade
como palco do entusiasmo para aqueles
que a assistem e não como princípio de
transtorno para os que dela participam.
É um signo rememorativo,
pois ela revela esta disposição desde
origem.
é um signo demonstrativo porque ela
mostra a eficácia presente dessa
disposição, porque depois ela vai fundar
outros movimentos como princípio,
percebe? E é também um signo
prognóstico, pois se existem resultados
da revolução que não podem ser
recolocados em questão, não se pode
esquecer da disposição que aponta pro
futuro que se revelou através dela.
Sabe-se igualmente que esses são os dois
elementos, a constituição política
escolhida à vontade pelos homens e uma
constituição política que evite a
guerra. É isso igualmente o processo de
alfcler. Isto é, a revolução é antes o
que finaliza e continua o processo mesmo
de esclarecimento. E é em certa medida
também que a Alfclerum e a revolução são
dois acontecimentos que não se podem
mais esquecer. Abre aspas. Eu sustento
diz Cândio, que posso predizer ao
gêneror humano, né, de maneira
prognóstica, sem espírito profético, a
partir das aparências e signos
precursores da nossa época, que
alcançará este fim, isto é, chegará a um
estado tal que os homens possam se dar a
constituição que eles querem e a
constituição que impedirá a guerra
ofensiva, de tal modo que a partir de
então estes processos serão serão
recolocados em questão. O interessante é
que isso aqui é a mesma, como eu disse,
isso aqui dá base pro pensamento de
Higel, né?
Você viu o Popper falando mal de
cantante? Não fala, né? Engraçado, né?
Ele senta a porrada em Hegel e a e as
mesmas coisas que poderiam ser ditas que
o Popper diz sobre Hegel, ele ele
deveria dizer sobre Kant, mas ele não
fala.
Ai Popper, tá? Um tal fenômeno na
história da humanidade, não se pode mais
esquecer, posto que revelou na natureza
humana uma disposição, uma faculdade de
progredir, um sentido, ó, quanto mais
livre, melhor. Quanto mais livre,
melhor. De maneira tal que político
algum poderia, mesmo que por meios
sutis, separá-la do curso anterior dos
acontecimentos. Somente a natureza e a
liberdade reunidas na espécie humana,
seguindo os os princípios internos do
direito, estariam em condições de
anunciar ainda que de uma maneira
indeterminada e como um acontecimento
contingente.
Mas se o objetivo visado para esse
acontecimento não era ainda esperado,
quando mesmo a revolução ou a reforma da
constituição de um povo tenho finalmente
fracassado, ou mesmo se, passado um
certo espaço de tempo, tudo retornasse à
rotina precedente, como predizem agora
certos políticos, essa profecia
filosófica não perderia em nada a sua
força, porque o impulso por entenderam?
Mesmo que dê errado na prática, o
impulso que vem da consciência
continuaria o da liberdade. Então assim,
a questão empírica de dar errado é
irrelevante. É isso que ele tá dizendo.
Porque este acontecimento é por demais
importante, por demais imbricado com os
interesses da humanidade e de uma
influência por demais vasta sobre todos
todas as partes do mundo, por não mais
poder ressurgir na memória do povo em
circunstâncias favoráveis ou ser
recordado nos momentos de crise de novas
tentativas do mesmo gênero. Pois em um
assunto tão importante para a espécie
humana, é necessário que a constituição
que se aproxima alcance em um certo
momento esta solidez que o ensino das
experiências repetidas não deixará de
marcar em nossos espíritos, em todos os
espíritos, certo? Então, o sentido da
liberdade, ele não tá na materialidade
da da coisa, tá dentro do espírito como
causa primeira do movimento teleológico.
Percebe?
Idealismo.
A revolução de todo modo se arriscará
sempre de cair na rotina, mas com
acontecimento. Aí veja por que que Lenin
diz que ã que cante é agnóstico. Se você
lê esse texto, você consegue ver com
clareza. Olha, não sei quando, não sei
como, mas tem um impulso interno que
leva lá para para lá, porque eu consigo
ver esse impulso interno no presente e
eu posso dizer que ele é universal e que
ele seguirá existindo. E aí ele se torna
um agnóstico sobre o futuro da
revolução, como, por que meio da
transformação. Ele só diz: “Olha, esse é
o sentido da humanidade”. Ele não se
pronuncia mais do que isso.
A revolução de todo modo se arriscará
sempre de cair na rotina, mas com
acontecimento, cujo conteúdo carece de
importância. Sua existência atesta uma
virtualidade permanente e que não pode
ser esquecida. Para a história futura é
a garantia da continuidade mesma de um
passo para o progresso. Se a humanidade
não se explodir, a inclinação interna
dela é caminhar para lá. Como você diz
assim, ó, se você não explodir uma
semente, se ela não deixar de funcionar,
você coloca ela direitinho, rega
direitinho. Qual é a tendência dela
interna? Virar uma plantinha, né? Se ela
não se explodir, se não falhar na água,
se não falhar no sol, etc e tal, ela
vira uma plantinha. É a mesma coisa que
tá dizendo Kant aqui.
A tendência humana é caminhar pra
liberdade. Se ela vai conseguir ou não,
depende de questões empíricas. Depende
se tem solficiente, se tem água
suficiente, se tem terra adubável
suficiente. Se tiver, a tendência
interna ir para lá. Entenderam?
Teleologia.
Eu pretendia somente eh de situar esse
texto de Kant sobre Alf Clarung. logo
tentarei lê-lo um pouco mais de perto.
Eu pretendia também ver como apenas 15
anos mais tarde Kant refletia sobre esta
outra atualidade de outro modo muito
mais dramática, muito dramática, que era
a Revolução Francesa. Nesses dois textos
está de algum modo a origem do ponto de
partida de toda uma dinastia de questões
filosóficas. O que o o que me parece que
o Foucault tá tentando fazer é o
seguinte. ele, eu li esses textos, eu
gosto demais desses textos e eu tô desse
lado da filosofia, certo? Então, é como
se ele tivesse dizendo assim, ó, a
filosofia contemporânea, ela vai pro ou
crítica da razão pura ou o
desenvolvimento do esclarecimento nesses
três textos. Eu sou do time do
desenvolvimento do esclarecimento e não
do time da crítica da razão pura. Eu tô
dizendo, Foucault criou uma falsa
dicotomia. Dá para ser dos dois times. E
na verdade a grande desgraça que fizeram
com o marxismo foi tentar separar um
lado do outro, né? Dizer que o
desenvolvimento da ciência do
proletariado ou qualquer bosta nesse
sentido, ela é desvinculada com o
processo de desenvolvimento do
esclarecimento no sentido da liberdade,
que há uma ruptura entre o pensamento
iluminista e o pensamento marxista. Isso
é uma coisa completamente patética. Isso
não existe nos autores do século XX.
Isso existe, sei lá, em
freudomarxistas, talvez. Eh, nesses dois
textos está de algum modo a origem do
ponto de partida de toda uma eh dinastia
de questões filosóficas. Essas duas
questões, o que é o esclarecimento e o
que é a revolução, são as formas sobre
as quais Kant colocou a questão de sua
própria atualidade. São eu penso, as
duas questões que não cessaram de
martelar senão toda a filosofia moderna
do século XIX, ao menos uma grande parte
dessa filosofia. Depois de tudo, me
parece que a Alclerong,
ao mesmo tempo, como acontecimento
singular inaugurador da modernidade
europeia e como processo permanente que
se manifesta na história da razão, no
desenvolvimento e instauração de formas
de racionalidade de técnica, a autonomia
e a autoridade do saber, não é
simplesmente para nós um episódio das da
história das ideias. na história das
ideias. Ela é uma questão filosófica
inscrita desde o século XVII em nosso
pensamento.
Deixemos como sua, perdão, deixemos com
sua piedade aqueles que querem que se
guarde viva e inata a herança daquler.
Essa piedade é claramente a mais tocante
das traições.
Não são os restos da Afclerum que se
trata de preservar, certo? Esse projeto
da autoridade do saber. Então ele quer
dividir em dois e quer separar uma coisa
da outra. Eu tô dizendo, esse projeto de
Kant de de Foucault é um projeto que eu
recuso, tá? Recuso, tá? O
desenvolvimento de um esclarecimento
autoconsciente
não não
precisa se afastar de uma discussão do
desenvolvimento da técnica, da autonomia
e da autoridade do saber, tá? Deixemos
eh com sua piedade aqueles que querem se
eh aqueles que querem que se guarde viva
intacta a herança docler. É exatamente o
que eu quero. Esta piedade é claramente
a mais tocante das traições. É isso que
eu quero fazer. vocês não são os restos
da Alf Cleron. São sim, são os restos da
Alfleron que se trata de preservar. é a
questão mesma deste acontecimento e de
seus sentidos, a questão da
historicidade do pensamento universal,
que é preciso manter presente e guardar
no espírito como o que deve ser pensado.
Ou seja, tem uma falsa dicotomia aqui.
Eu também valorizo como Foucault a
compreensão da historicidade
do pensamento
para reforçar a técnica, autoridade do
saber e etc e tal. Tá?
Em Kante, as coisas não estão separadas.
Fou que quer separar as duas coisas. A
questão da Alf Clerum ou ainda da razão
como problema histórico, de maneira mais
ou menos oculta, tem atravessado todo o
pensamento filosófico desde Kant até
hoje. A outra face da atualidade que
Kant encontrou é a revolução. A
revolução ao mesmo tempo, como
acontecimento, como ruptura e como
tormento na história, como fracasso,
mas ao mesmo tempo como valor. Ele tá
falando isso no século XX. Ele tá
pensando na União Soviética, tá? Ele tá
falando da revolução russa como
fracasso, como tormento, mas como um
valor, como um signo da espécie humana.
Ainda aí, a questão para a filosofia não
é de se determinar qual é a parte da
revolução que conviria preservar eh e
fazer valer como modelo. A questão é de
saber o que é preciso fazer com essa
vontade de revolução. É uma questão de
representação mental, entusiasmo,
empolgar as pessoas para o novo e não
necessariamente no que aconteceu dentro
de uma revolução francesa ou soviética.
Esse é o ponto do Fug, tá? que fique
claro, com este entusiasmo para a
revolução, que é outra coisa, aí você
começa a falar que que é revolução?
Revolução é o ICL da escapo, né? É o
entusiasmo. O novo vem aí, vai
revolucionar tudo. É isso, isso que é
Foucault, né? Com esse entusiasmo para a
revolução que é eh outra coisa que o
empreendimento revolucionário mesmo. As
duas questões, o que é o esclarecimento
e o que é fazer o que fazer com a
revolução? definem as duas, o campo de
interrogação que dirige-se para o que
somos nós em nossa atualidade. Kant me
parece ter fundado aí, ó, as duas
grandes tradições críticas, né, uma
dicotamia falsa, né, em Kante, as duas
coisas estão juntas. Eh, ter fundado as
duas grandes tradições críticas, entre
as quais está dividida a filosofia
moderna. Diríamos que em sua grande obra
crítica, Kant colocou, fundou esta
tradição da filosofia que coloca as
questões das condições sobre as quais um
conhecimento verdadeiro é possível. E a
partir daí, toda uma parte da filosofia
moderna desde o século XIX se apresentou
se desenvolvendo como uma analítica da
verdade. Tem que fazer uma analítica da
verdade. Tem que falar sobre os ah
fundamentos da possibilidade de criação
de discurso verdadeiro de maneira
universal, absoluta, para todos os
tempos, para todos os povos. Tá?
Exatamente isso. Certo? É exatamente
isso. Uma parte da filosofia tentou
fazer isso, eu também acho que a
filosofia tem que tentar fazer isso. Do
outro lado, que é o mesmo autor, né,
existe na filosofia moderna e
contemporânea um outro tipo de questão,
um outro tipo de um outro modo de
interrogação crítica. É esta que se viu
nascer justamente na questão da Alf Clar
ou no texto sobre a revolução. O que é
essa nossa atualidade? Qual é o campo
atual das experiências possíveis? Então,
se você não tentar deixar o Kant
Cambeta, sem perna, como tá querendo
fazer o Foucault, colocando as duas
pernas dele e falando que sim, você
queria criar uma analítica universal da
verdade e ao mesmo tempo você reconhece
a historicidade disso que você tá
fazendo, você cria um ímpeto de
desenvolvimento
progressivo no sentido de cada vez criar
ciências mais eficientes, cada vez fazer
uma filosofia mais rigorosa. cada vez
mover-se no sentido histórico de ter
mais ferramentas para menos erros você
cometer. Então você consegue estabelecer
um sentido de progresso.
Em Fou não tem progresso, né?
No Foucault tem momento. É por isso que
o Foucault politicamente, tá, meus
queridos, apoiou a revolução iraniana,
né? Apoiou a revolução iraniana. Aí a
sociedade que tinha no Irã,
né, de ter mulheres com mais
participação e etc e tal, voltou para
trás por apoio concreto de Foucault,
porque não tem paraa frente, né? Não tem
paraa frente, né? Muito legal não ter
pra frente. Então, ah,
vamos lá. Então, não se trata de uma
analítica da verdade, trata assim,
consistiria em algo que se poderia
chamar da analítica do presente, uma
ontologia de nós mesmos. E me parece que
a escolha filosófica na qual, que ele tá
impondo que não tem dicotomia, na qual
nos encontramos confrontando,
confrontados atualmente, é a seguinte:
pode-se optar por uma filosofia crítica
que se apresente como uma filosofia
analítica da verdade em geral, ou bem se
pode optar é uma falsa dicotomia
por um pensamento crítico que toma a
forma de uma ontologia de nós mesmos, de
uma ontologia da atualidade. apoiou a
revolução iraniana que matou
homossexuais para tá? Matou
homossexuais para tá? Foc
matou. É esta forma de filosofia que de
Regel, a escola de Frankfurt, passou por
Niet Max Weber, fundou uma nova reflexão
na qual tenho tentado trabalhar, tá?
Falsa dicotomia, essa é a posição que a
gente tem. Falsa dicotomia. ontológico
tem a ver com a discussão acerca do ser,
como ele citou Heidegger no final. Então
eu penso que ele tá falando de uma
ontologia existencialista. O que ele tá
falando é que o homem se funda a si
mesmo a partir de seu local no espaço,
né? Aí você vai falar que a revolução
iraniana tem que ser eh ela tem que ser
eh ela tem que ser muçulmana ou não
será, que no Brasil a revolução será
evangélica ou não será? Porque aí tem
uma ontologia de cada qual, como seu
cada qual, né? E aí lá, né? O que que
acontece? Que que acontece? Uma morte de
ã
várias pessoas, né? Uma morte
surpreendente de várias pessoas, um
andar para trás na política iraniana.
Tudo porque o rapaz aí tava muito
empenhado de cada um faz o seu caminho,
né? E não tem mais verdade objetiva, não
tem verdade analítica, etc. Aí assim, eu
costumo dizer sempre para vocês,
política merda acaba em, quer dizer,
filosofia merda, né? Teoria merda acaba
em política merda, tá bom? Eh,
obviamente tem melhoras em relação ao
futuro se comparado ao passado, da
participação das mulheres, do fim da
escravidão como uma coisa aceitável,
etc. e tal. E no pensamento de Kant, as
duas coisas estão juntas. uma crítica
aos limites da razão, tanto que se chama
assim, é crítica da razão pura, certo?
É, eh, a a analítica tenta, a análise
que ele faz na crítica da razão pura é
avaliar os limites da razão. É um texto
sobre os limites da razão, tá? Então,
eh, não há dicotomia. as duas, as a face
política de Kant e a fase epistemológica
de Kant, a face epistemológica de elas
são complementares.
O que o Foucault tentou fazer aqui é
alejar o cant e você ficar com uma perna
só, né? Então, como você anda com as
duas pernas e admite que Kant é situado
historicamente, assim como Marx é
situado historicamente, assim como eu
sou situado historicamente, você pode
manter uma abertura para a criação do
novo eterna e pensando sempre das
limitações históricas de cada sujeito
que escreve. Mas você não elimina a
pretensão de criar bases cada vez mais
seguras pro conhecimento.
Beijo no coração de todos. Falou, valeu.
Até mais.
[Música]
เฮ
[Música]
[Música]
Do irracionalismo ele se cansou, das
brigas e intrigas ele desanimou, parou a
treta e foi fazer robô. O até o robô
plantou a bomba e se esquivou. Até o
robô. O atu robô. Agitou a internet
contra os pós-modernos e depois se
mandou o até o robô.
Atu robô. Vocês podem ficar aí citando
Foucault que o ateu cansou foi fazer
robô, mas fiquem espertos que ele vai
voltar sempre dizendo que verdade. Ah,
mas por enquanto foi fazer robô. A teu
robô até o robô. Oh,
plantou a bomba que boa até o robô. O
até o robô agitou a internet com os
pósmodernos e depois se mandou o atu
robô.
Até o robô.
Oh.
dizendo que pouco vídeo ele fará, que
infelizmente irá nos deixar, mas como
sempre ele nos trollou. O até o robô, o
até o robô impável mesmo se cansou. Ele
segue a fazer vídeos de valor, mesmo
jogando no arde irá continuar, nos
ajudando estudar. Mas não se esqueça que
ele foi fazer robô.
Robô, teu robô.
[Música]
Plantou a bomba e se esquivou até o
robô. Até o robô agitou a internet
quantos pós modernos e depois se mandou
o até o robô.
Até o robô.
Oh.
[Música]
robô.
Vocês podem ficar aí citando Foucault
que o Au cansou foi fazer robô, mas
fiquem espertos que ele vai voltar.
Sempre dizendo que verdade. Ah, mas por
enquanto foi fazer robô. A teu robô. A
teu robô. Até o robô. Oh,
plantou a bomba e se esquivou. A teu
robô. A teu robô. Agitou a internet
contra os pósmodelos e depois se mandou.
Até o robô.
Até o robô.
Até o robô.
Até o robô. Dizendo que pouco vídeo ele
parar, que infelizmente irá nos deixar.
Mas como sempre ele nos trollou. O teu
robô. O é teu robô. Imparável. Mesmo se
cansou. Ele segue a fazer vídeos de
valor, mesmo jogando no ar de a
continuar nos ajudando a estudar. Mas
não se esqueça que ele foi fazer robô.
Teu robô. Teu robô. Oh
oh oh. A teu robô imparável. Mesmo se
cansou, ele segue a fazer vídeos de
valor. Mesmo jogando no ar irá continuar
nos ajudando a estudar. Mas não se
esqueça que ele foi fazer robô. Oh,
teu robô.
Teu robô.
Robô,
robot.
Robô.